domingo, 30 de agosto de 2009

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
A medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de critura
Que vê envelhecer e não envelhece.

(Vinícius de Moraes. Para gostar de ler - Poesias, vol. 6, p. 52.)

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